"Bosques densos ocultam anjos de pedra em perpétua vigília, de asas partidas pelo pó e pelas trevas. Não saberão os humanos nunca quando os seus pés de garras compridas deixarão trilhos invisíveis nos caminhos de terra e de asfaltos por existir...
Há ecos. E manchas maculam os seus lábios e borboletas minúsculas e despreocupadas neles depositam o seu rasto de beijos efémeros.
Sereias malditas apagam imagens em gestos rápidos e destrutivos, de sombra. Os seus olhos amarelo-torrados espreitam do mais profundo dos lagos, naqueles densos bosques. Enfeitiçam. Atraem incautos para a morte. Mas a morte lenta e doce dos poetas.
Será a minha falta sentida, alguma vez?
(Perdoa-me o não-regresso a casa.
Mas que já a não suporto nem a todos os seus fantasmas.)"
Kuro fechou o livro que estivera a ler, marcando cuidadosamente a página com uma das várias penas que guardava no bolso dos seus calções de ganga. Saltou da árvore e os seus pés descalços e sujos tocaram na terra macia.
O sol ainda espreitava timidamente por detrás de nuvens desenhadas por dedos manchados de púrpura e dourado e brincava nas pequenas argolas de prata que Kuro tinha nas orelhas.
«Shiro. Saufafes…»
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sonhos atirados