Por entre o meio da multidão, uma sombra avançava, furtiva, aliviando os bolsos das pessoas, ao passar. E suspirava, de mansinho, de vez em quando.
«Estou a ficar antiga para estas coisas…», pensava a sombra, com os bolsos dos calções de ganga cada vez mais recheados.
Uma senhora houve que quase a apanhava... Só uma pequena pena branca flutuava e descia, devagar, no local onde antes estivera a sombra carteirista, revelando, acusando, a sua presença, há nem dois segundos atrás.
«Quase…»
O coração em desvario, latejando e ensurdecendo.
Próxima dos limites da cidade, já longe da multidão, Kuro descansou. Não se atrevia a avaliar os ganhos que nesse preciso momento dormitavam nos seus inúmeros bolsos.
Ainda não. Só quando se sentisse em segurança.
Só quando chegasse a casa.
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sonhos atirados