Quase uma quinzena passara desde a carta
de Shiro, e Kuro ainda não lhe escrevera de volta.
Sempre tivera problemas com o espaço
temporal, que não coincidia bem com o seu.
Agora, ao sentir os dedos gelados do frio
nocturno a alastrar pelos seus, amaldiçoava-se de ainda não o ter feito.
Contornou um passeio e parou. À sua
frente, a escassos metros, estava a biblioteca. Ameaçava desmoronar a
qualquer momento, poder-se-ia pensar, apesar de não ser esse o caso. Kuro,
que por ela evitava passar sempre que podia, não achava o edifício de ar
meio retorcido digno de confiança, como se se pressentisse algo de
estranhamente errado na sua construção. Poderia ser da maneira como o edifício
sombrio se torcia, parecendo estar requebrado em múltiplos pontos, acentuados
pelo efeito da escada de ferro em espiral que conduzia a uma das suas muitas
(e, algumas delas, secretas) portas, uns dois andares acima.
Respirou fundo e subiu.
A lua já a observava, curiosa.
Retirando certos objectos finos e de
ferro, um deles denteado, de um dos seus inúmeros bolsos, Kuro, com a ajuda de
um isqueiro que adquirira nessa mesma tarde, pôs-se a estudar cuidadosamente a
fechadura que tinha diante de si...
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sonhos atirados